Cotidiano

Traficantes dominam Conjunto Pérolas com ‘toque de recolher’

Com a venda de droga e assaltos, moradores se recolhem ao anoitecer e comércio fecha as portas às 21h

Comerciantes têm que fechar as portas às 21h. Esta é a ordem dada por traficantes de droga que dominam as ruas e praças públicas do conjunto habitacional Pérolas do Rio Branco, no bairro Airton Rocha, zona Oeste da Capital, nas proximidades do anel viário. A violência vai além e os assaltos acontecem a qualquer hora do dia.

A equipe de reportagem da Folha foi ontem, pela manhã, ao conjunto e conversou com moradores e comerciantes. Todos confirmaram que os bandidos agem livremente, vendendo drogas, arrombando casas, comércios e praticando assaltos. Nem criança de bicicleta escapa da ação dos marginais. A lei do silêncio impera porque os moradores são ameaçados pelos traficantes.

“Já fui assaltada aqui em meu comércio e ontem [anteontem, dia 5], os bandidos novamente atacaram. Levaram até a lâmpada aqui de fora. Temos que fechar as portas às 21h, caso contrário, os criminosos nos atacam. À noite já é comum ver adolescentes vendendo droga. Eles também furtam e assaltam para sustentar o vício”, denunciou uma comerciante de 30 anos, moradora da Rua São Silvestre.

Uma merendeira de 39 anos também reclamou da falta de segurança no conjunto. Disse que, na semana passada, foi assaltada por um casal armado com faca. A vítima chegava à parada de ônibus. “Passava das 11h. Eu andava pela avenida quando os dois me surpreenderam. Eu nunca imaginava que seria roubada porque era um casal. Mas a dona também era bandida. O ladrão me mostrou uma faca e me ameaçou. Foi quando entreguei meu celular. Eles saíram andando normalmente e depois entraram em um buritizal”, lembrou.

Moradores informaram que as viaturas do Ronda no Bairro, da Polícia Militar, passam pelo conjunto, mas como os assaltos em sua maioria são praticados por menores de idade, eles são apreendidos e soltos no mesmo dia. “Aqui, a gente tem que se trancar em casa porque o bandido está solto na rua. É uma inversão de valores”, observou uma professora, de 49 anos.

A área de atuação dos traficantes, segundo os denunciantes, fica na pracinha do conjunto e perto de um buritizal. Moradores informaram ainda, que algumas casas também funcionam como boca de fumo. Essas casas estavam fechadas ontem pela manhã.

“Os traficantes vieram do Beiral [área Francisco Caetano Filho, no Centro]. Eles moravam lá, mas ganharam casas aqui e, junto com eles, trouxeram a droga, o tráfico e os assaltos. O conjunto precisa urgentemente de uma delegacia ou de um boxe da PM”, cobrou a professora. (AJ)